Por que seria impossível “TerraFormar” Marte?

Antes de considerar “Terraformar” vamos considerar as diferenças entre o planeta terra e o planeta Marte e alguns pontos importantes para a vida na Terra.
Não se trata apenas de temperatura e gravidade, toda a composição química, pressão da atmosfera e do solo que são diferentes.
A vida na Terra depende de uma série extremamente complexa e rica de fatores, ciclos de energia, ciclos da água, o genoma das espécies que estão todos adaptados não somente à composição química da terra, gravidade, estações, pressão, como também dependem da própria interação entre inúmeras espécies de seres vivos dentro do ecossistema.
Podemos dizer que todos os seres vivos que estão na Terra estão interrelacionados com o planeta e também entre si, o próprio genoma extremamente complexo de um ser vivo da terra, está intrinsecamente relacionado à Terra e às suas características físico/químicas bem como a sua biosfera.
O ser humano está inserido neste ecossistema onde todas as espécies dependem umas das outras e estão em equilíbrio; A energia que sustenta a vida provém do Sol, é captada pelos produtores primários capazes de executar a fotossíntese, como plantas, algas e bactérias, transformando CO2 em compostos orgânicos, principalmente a glicose;
Os consumidores primários, herbívoros, obtêm energia ao consumir os produtores, incorporando os compostos orgânicos produzidos na fotossíntese em seus próprios corpos. Por outro lado, os consumidores secundários (carnívoros) obtêm energia ao se alimentarem dos consumidores primários.
A respiração celular é realizada pelos organismos para obter energia a partir dos compostos orgânicos consumidos, gerando novamente o gás carbônico, água e energia e temos diversos ciclos, como os da água, do Carbono, da energia e da vida.
Outros organismos decompositores, como fungos e bactérias, desintegram a matéria orgânica morta, liberando energia no processo e contribuindo para a reciclagem de nutrientes;
A transferência da energia ocorre ao longo de diferentes níveis tróficos em ecossistemas, formando cadeias e teias alimentares, onde cada nível trófico transfere cerca de 10% da energia disponível para o próximo nível com o restante perdido principalmente como calor e outras formas durante processos metabólicos.
Parte da energia adquirida pelos organismos é perdida na forma de resíduos metabólicos (excreção) e na morte de organismos.
Essa energia pode ser utilizada pelos decompositores no processo de decomposição.
A energia não é criada nem destruída, apenas é captada do Sol através da fotossíntese e transferida entre os organismos e o ambiente.
O ciclo de energia continua à medida que os organismos consomem, metabolizam, se reproduzem e eventualmente morrem.
Toda a vida no planeta Terra depende de uma série extremamente complexa de fatores, dos ciclos, com diversos ecossistemas em equilíbrio adquirido ao longo de muitos milhares de anos.
O próprio genoma humano e de todas as espécies está intrinsecamente ligado ao planeta Terra, e à composição química do solo e do ar, além das características físicas do planeta;
O ser humano faz parte deste ecossistema complexo e depende das demais espécies para sobreviver, não sendo possível a vida humana se não estiver inserido dentro dos ciclos de energia e portanto interação com as demais espécies.
Uma simples espécie como a abelha é responsável por polonizar as flores e tem importante função ao possibilitar a continuação da vida na Terra, milhares de espécies dependem umas das outras.
No entanto, no solo de Marte, nenhuma espécie de vegetal poderia desenvolver-se satisfatoriamente devido a composição química diferenciada do solo marciano, incompatível com o genoma construído em milhares de anos na Terra, em condições totalmente diferentes constituindo-se em um impedimento para a realização da fotossíntese, o nível mais básico de produção do ciclo de energia, bem como diferentes níveis de pressão, ausência de diversos ciclos importantes, níveis inapropriados de energia solar, campo magnético, temperatura, e inúmeros outros fatores.
Como se não bastassem tamanhos obstáculos, as missões para Marte precisariam aguardar o tempo correto para que as órbitas dos dois planetas estivessem em pontos propícios para possibilitar a viagem, encontro este que ocorreria a cerca de cada 26 meses, e mesmo assim com a tecnologia atual seria necessário um tempo de viagem de no mínimo 6 meses para chegar até o planeta vermelho, ao aproveitar-se esta janela orbital.
Durante estes 6 meses de viajem pelo espaço, os pobres seres humanos mortais ali confinados, deveriam conseguir manter-se vivos até chegar em Marte, com oxigênio, energia (da alimentação), longe da biosfera da terra e dos ciclos de energia, de biomassa e da biosfera terrestre.
Se conseguirem chegar vivos em Marte, e se conseguirem pousar em solo Marciano, ainda precisarão ser capazes de produzir o combustível (em grande quantidade) para voltarem ao planeta Terra, mas não sem antes conseguirem manter-se vivos durante mais aproximadamente 20 meses em Marte aguardando a aproximação das órbitas e mais 6 meses no espaço viajando até a Terra;
Estas diferenças orbitais entre Terra e marte, não permitiriam viagens rápidas e qualquer missão entre um planeta e outro deveria aguardar a janela de tempo.
Vale observar que a quantidade de energia necessária para transportar uma quantidade mínima de material da terra para Marte é incrivelmente alta, tornando-se inviável a utilização apenas de combustíveis convencionais que utilizam a energia das ligações moleculares.
Portanto, com a tecnologia atual é absolutamente inviável fazer viagens tripuladas para Marte e qualquer candidato a uma viagem dessas ao planeta vermelho estaria fadado à morte.
A ausência da gravidade e a exposição aos níveis de radiação fora da proteção do campo magnético da Terra já seria suficiente para destruir o corpo do ser humano;

O corpo físico do homem, assim como das espécies, está ligado à Terra por milhares de fatores não sendo possível simplesmente desligar-se dela e ao mesmo tempo permanecer em vida.

Absurdo ainda maior, seria tentar “TerraFormar” o planeta vermelho, pois não seria possível mudar a composição físico química do planeta ao ponto de permitir a vida como a conhecemos na Terra.

Author: Lauris

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